sábado, 27 de junho de 2015

sábado, 13 de junho de 2015

2015

Mostra Teatrofídico – julho 2015


CADARÇO DE SAPATO OU NINGUÉM ESTÁ ACIMA DA REDENÇÃO


Dias 09, 10 e 11 de julho às 20h NO TEATRO DO SESC Centro – Rua Alberto Bins, 665.
Dia 10 de julho: performance ACEITA?* Entre 19 e 20h no térreo do Sesc Centro e debate após a apresentação.
Livremente inspirado na dramaturgia da inglesa Sarah Kane, o espetáculo da Cia Teatrofídico propõe um diálogo fragmentado e confessional, onde seres perdidos tateiam em direção à luz. Amor, desespero, morte, ânsia, violência e uma certa dose de tristeza. Buscando uma atuação performática os atores não revelam "personagens" mas sim situações e sentimentos num jogo de desconstrução e anticlímax.
O processo de criação teve como ponto de partida a leitura da obra publicada da autora e consequente pesquisa bibliográfica. Nesta fase elencou-se assuntos convergentes tais como depressão, suicídio, amores não correspondidos, influência familiar, movimentos artísticos, etc. e á partir desta gama de interesses foi-se criando um mosaico teórico que deu substância para iniciar os ensaios. Também foi importante para a elaboração do roteiro do espetáculo a intenção de escrever relatos e cenas de autoria própria. Então depois de iniciada a parte prática da criação, estivemos sempre alternando a inspiração da obra de Sarah Kane com nossa própria dramaturgia. Como resultado construímos um espetáculo híbrido de intenções que mesclam universos e dialogam com o contemporâneo.

“Encarada como herdeira da tradição de autores como Samuel Beckett e Harold Pinter, Sarah Kane é uma das mais importantes dramaturgas da cena inglesa contemporânea. Em uma obra de crueza grave e violência cortante, suas peças trazem a essência humana em situações pungentes, sem ornamentos ou máscaras. A base – de nossas urgências, doenças e desejos – são expostos no desenvolvimento de um eu violentado no contato com o mundo...

Concretizando muito mais do que a individualidade psicológica de personagens em uma história com começo, meio e fim, ela expõe, acima de tudo, os movimentos desse eu em contato com os outros”, segundo Ângela Francisca Almeida de Oliveira/UFRGS. No aspecto estético trabalhamos com diversas ideias que traduzissem os sentidos e sentimentos deste mundo deteriorado: a área de atuação (palco) é dividida em dois ambientes onde ao fundo fica representado de forma não inteiramente realista um banheiro público separado por uma parede transparente, como uma vitrine onde estão colocados dois grandes painéis. De um lado uma figura gigante em close do rosto de Sarah e do outro uma cortina com imagens icônicas do universo da dramaturga e dos dias atuais. Fios atravessam o alto da cena onde estão pendurados pares de sapatos e tênis. Uma poltrona bergère totalmente deteriorada é um dos principais elementos onde acontecem cenas e que representa a intimidade e o interior dos seres que perambulam por esse espaço urbano e ao mesmo tempo familiar. Projeções de
imagens pictóricas completam a cenografia onde uma iluminação intimista cria um ambiente claustrofóbico e lírico. A trilha sonora remete aos anos 80 e 90 dando um tom retrô e melancólico à encenação.

Os figurinos mesclam referências de street-urban com elementos delicados e artesanais em duas paletas de cores: verdes e ocres que também se comunicam com A Cia Teatrofídico sediada na Usina do Gasômetro há dez anos dentro do Projeto Usina das Artes, iniciou sua trajetória com “Jogos na Hora da Sesta”, de Roma Mahieu, mas já montou autores como Caio Fernando Abreu, Luis Buñuel, Clarice Lispector, Ricardo de Almeida e Miguel Magno, Nelson Rodrigues, Tennesse Williams, Fernando Pessoa e Roberto Athayde, autor de “Apareceu a Margarida” (em cartaz há sete anos), entre  outros. Este trabalho inspirado em toda a dramaturgia de Sarah Kane, com roteiro do próprio grupo é também a comemoração da resistência e solidez da Cia Teatrofídico.

Texto: Criação coletiva/Livremente inspirados na dramaturgia de Sarah Kane
Atuação: Renato Del Campão, Rejane Meneguetti, Jairo Klein, Adriana Lampert, Gustavo Razzera e Lucimaura Rodrigues.
Direção, Trilha Sonora e Iluminação: Eduardo Kraemer
Cenografia: Alexandre Navarro
Figurinos: Alunos do curso de Moda da FEEVALE coordenados pela professora Ana Hoffmann
Projeções/vídeos: Biah Werther
Produção: Cia Teatrofídico



APARECEU A MARGARIDA

Foto: Luciana Mena Barreto

Dias 16, 17 e 18 de julho às 20h NO TEATRO DO SESC Centro – Rua Alberto Bins, 665.

O ESPETÁCULO ESTÁ EM SEU 7º ANO DE TRAJETÓRIA, TENDO SIDO INDICADO AO PRÊMIO DE MELHOR ATOR PARA RENATO DEL CAMPÃO NO PRÊMIO AÇORIANOS DE TEATRO DE 2009.

“Para Dna. Margarida a melhor aula  é a que mantém no ar aquela atmosfera de compreensão entre os alunos e a professora...”

“A encenação assinada por Eduardo Kraemer mostra o quanto este diretor tem amadurecido. Valendo-se, desta vez, de um texto consagrado, correndo o risco das comparações, Kraemer busca uma linha exacerbada de construção do espetáculo que é mantido, contudo, sempre sob seu controle (... )Renato Del Campão está perfeito na personalização. Num espetáculo bem marcado, ele não improvisa: cada gesto e cada arroubo têm uma subida de tom a que se segue uma descida, mostrando as variações temperamentais da professora. Seguro no texto, equilibrado na personalização, a figura da professora dona Margarida evidencia a qualidade de ator que é Renato Del Campão e que nem sempre ele mesmo sabe valorizar. Aqui, ele dá um show e certamente merece um reconhecimento muito especial, até mesmo pela dificuldade da figura que interpreta.” (Antônio Hohlfeldt - Jornal do Comércio, 17 de dezembro de 2008)

“E quais são os que merecem? São aqueles que obecedem!”

“Renato Del Campão é um Ator com A maiúsculo” (Amir Haddad - Diretor Teatral Carioca)

“São poucas as coisas que podem ser vistas no mundo de hoje. E também são raras as pessoas que enxergam alguma coisa nesse raio de vida...”

“O Rio Grande do Sul deve se orgulhar por ter nos seus palcos a ousadia e a incrível capacidade técnica do ator Renato Del Campão. Sua leitura do texto desdobra em diversas camadas o entendimento da alma humana, apropriando-se da essência expressa pelo autor. A atuação escancara as feridas vivenciadas no texto com impressionante entrega, ao mesmo tempo
mostrando que Dona Margarida é uma pétala.” (Caco Coelho - Jornal Correio do Povo, 2 de agosto de 2008)

“Todo mundo quer mandar um no outro, exatamente como está acontecendo aqui, eu mando vocês obedecem, eu falo vocês acreditam. No fundo TODO MUNDO QUER SER DONA MARGARIDA.”

“Margarida caiu como uma luva para o tipo de interpretação de Del Campão, marcada pela explosão, pela crueza e pela imposição física. Ele embarca a professora em um surto maníaco,
em que as palavras preenchem todo e qualquer instante, roubando o lugar da reflexão, impondo ao público a incômoda sensação de que está perdendo a individualidade. No início do
espetáculo, Del Campão dá um show de interpretação: em um instante de raríssima calmaria, a professora para de odiar o mundo e se vê frágil, olhos marejados.” (Renato Mendonça - Zero Hora, 12 de janeiro de 2009)

“Evolução não é nada. E revolução é duas vezes evolução, ou seja: é duas vezes nada...”

Roberto Athayde, um dos grandes autores responsáveis pelo divisor de águas da dramaturgia nacional, com texto de linhagem tragicômica e, pioneiro também na utilização de uma linguagem coloquial em cena - destaque no período da ditadura militar, do autoritarismo - ficou conhecido mundialmente pela montagem, adaptação e tradução de “APARECEU A MARGARIDA”, para quase o mundo inteiro, a partir do final dos anos 70 até hoje.

“Dona Margarida quer ajudar vocês a não terem nada de bom e inteligente pra dizer a própria vida. Ela quer torná-los totalmente inexpressivos...”

A trama, com áspero texto, é uma profunda análise psicológica da tortura, da perversão, dos mecanismos de opressão e de toda e qualquer tirania ditatorial, garantindo a identificação de todos, proporcionando reflexão dos artistas, quanto dos espectadores.

“A vida é um saco!”

   Sob forma de monólogo, retrata um dia na sala de aula da professora Dnª Margarida, narrando fatos da vida a alunos pré-adolescentes e marca a influência sobre o processo político de ditadura, pelo qual atravessava o país, quando de sua criação, na década de 70. A situação política faz com que o teatro assuma a sua função social, voltando-se para o questionamento da realidade brasileira.
Apresentado de forma tragicômica, mesclando o real e o imaginário, a peça critica a política e o comportamento - inclusive do panorama atual - envolvendo a plateia que torna-se parte da peça como se fosse formada por alunos e a professora expressa as suas opiniões através das disciplinas curriculares de forma alegórica e, ao mesmo tempo, autoritária.

“Porque é importante saber? É importante saber só pra saber”

APARECEU A MARGARIDA, por ser uma sátira do poder em vários níveis (político, didático e, amplamente  psicológico ), tem uma grande flexibilidade histriônica que permite montar a peça com atrizes de qualquer idade , assim como por atores também. Segundo o próprio autor Roberto Athayde  “a utilização de um veículo distanciado do protótipo da professora , tende a enfatizar o aspecto abstrato do texto como uma paródia supragenérica , não só do poder como do próprio ego humano “.

“O mundo inteiro está nas mãos de Dona Margarida. A matéria, toda a matéria. A ciência toda, os adjetivos, os advérbios os verbos, tudo...”

FICHA TÉCNICA
Autor - ROBERTO ATHAYDE
Direção - EDUARDO KRAEMER
Atuação - RENATO DEL CAMPÃO (Dona Margarida) e JAIRO KLEIN (aluno)
Cenografia, iluminação e sonoplastia - EDUARDO KRAEMER
Figurinos - ANTONIO RABADAN e CURSO DE DESIGN DE MODA E TECNOLOGIA DA FEEVALE
Fotos - LUCIANA MENA BARRETO



EU, PESSOA E OS OUTROS EUS

Foto: Adriana Marchiori

Dias 24 e 25 de julho às 20h NO TEATRO DO SESC Centro – Rua Alberto Bins, 665.

Retornamos com o espetáculo solo "Eu, Pessoa e os Outros Eus" com o ator Jairo Klein e direção de Eduardo Kraemer, com apresentações marcando 80 anos da morte do escritor Fernando Pessoa e seus heterônimos mais conhecidos:
Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Inspirado na obra literária do poeta Português Fernando Pessoa e seus Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Ao completar 32 anos de atividades no teatro e 27 anos de pesquisa sobre a obra do poeta, o ator revela no palco a multiplicidade, pluralidade e as contradições do universo Pessoano, revelando ao público, através da poesia encenada, a obra real e metafísica de um dos maiores escritores da literatura universal de todos os tempos.

O espetáculo já percorreu diversas Capitais Brasileiras e representou o Brasil nos Colóquios da Lusofonia em Lisboa, Porto e Bragança em 2009 onde recebeu o Prêmio Fernando Pessoa do Instituto Cultural Português e da Câmara Municipal de Bragança, concedido nas comemorações dos 120 anos do nascimento do poeta. Em 2012 novamente a convite do Colóquio Anual da Lusofonia esteve no Arquipélago dos Açores, na ilha de São Miguel
Arcanjo, divulgando a poesia arrebatadora de Fernando Pessoa.

FICHA TÉCNICA
Autor - Fernando Pessoa
Intérprete - Jairo Klein
Direção - Eduardo Kraemer


*Performance ACEITA?

Fotografia: Juliano Verardi
A Doença.
                               Perde-se a identidade e sabe-se de cabeça números, dados pessoais, dosagens, datas, resultados de exames, horários e dias de descanso são apenas uma lembrança pois quem assume esse papel não consegue confiar que alguém saberá trocar o curativo adequadamente, que na hora do banho vai apoiar a pessoa com cuidado, vai a todas as consultas, responde todas as perguntas, limpa, faz todas as compras, paga as contas, cozinha. A sensação é de nunca conseguir amar o suficiente.
A perda de pelos, especialmente dos cabelos, é, talvez, a característica mais marcante de pacientes de câncer. Mais que uma questão estética, mudar o cabelo é uma das mais rápidas e eficientes possibilidades de “tornar-se uma pessoa diferente”. Para as mulheres, principalmente, fazer uma mudança radical na hora em que tudo parece estar ruim ajuda a aumentar a autoestima, a dar ânimo para reagir. Os primeiros fios de cabelo brancos são outra alteração que nos faz repensar a forma como nos vemos e encaremos a vida. Estes exemplos ajudam a entender mudanças no cabelo como ritos de passagem pois aí movimenta-se todo um universo de significados. Assumir uma nova identidade visual com uma alteração que pode ser reversível, neste caso, é simbolizar as marcas deixadas em doentes e familiares, como outras tantas “cicatrizes” que o viver nos traz.
A Despedida.
                               Então um dia a pessoa dorme. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, além da dor não tivemos descanso. De modo geral, nossa cultura é de negação da morte. Empresas, instituições, pessoas não estão preparadas para resolver questões legais ou burocráticas de modo simples. Não há, no manual das centrais de atendimento ao cliente, uma página dedicada à questão “falecimento do cliente”. E isso é apenas uma pequena parte do que se desenrola.
E o prontuário humano, sem direito a viver seu luto, depara-se com um novo papel: resolvedor de pendências. Dizer “meu pai faleceu...” antes de explicar a dúvida nem é escutado por quem apenas está contando o número de atendimentos. E torna-se lugar comum, automático, uma frase sem sentimento.  Meses depois, ainda dói atender o celular que era dele.

ACEITA UM POUCO DO MEU AMOR?
FICHA TÉCNICA
Concepção e performance: Silvana da Costa Alves
Mostra Teatrofídico 2015: artistas convidados farão parte da performance.



MOSTRA TEATROFÍDICO 2015
DIVULGAÇÃO
51.9513.6101 EDUARDO KRAEMER
51.9656.8341 RENATO DEL CAMPÃO